CURSO DE LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO
FORMAÇÃO DE PROFESSORES COM ENFASE NO LINUX
EDUCACIONAL, NO COLÉGIO ESTADUAL NOVO GAMA EM GOIÁS.
ALVES, Ricardo da Costa e Silva Camilo1
PEREIRA, Luana Moreira2
RESUMO
Este artigo tem como finalidade apresentar os resultados de uma pesquisa bibliográfica intervencionista, em busca de uma solução para os desafios das tecnologias impostas aos professores do ensino médio do Colégio Estadual Novo Gama localizado no Estado de Goiás, por meio de uma formação de professores para atuar na sala de informática, operando o sistema operacional Linux Educacional e seus aplicativos pedagógicos. Tanto na esfera teórica, quanto na prática pedagógica, são inúmeras as mudanças que atingem os tradicionais métodos de regência e provocam demandas diferenciadas aos professores diante da utilização das novas tecnologias. Os dados coletados evidenciam uma insegurança dos professores pela falta de conhecimento na operação dos equipamentos e dos softwares disponíveis. No entanto, demonstram interesse em aprender a utilizar Linux Educacional, e através dele, criar atividades pedagógicas, para sua respectiva disciplina. Uma reflexão baseada nos conceitos como FREIRE, MORAN, VALENTE, entre outros educadores, que ressalvam a importância da formação de professores e demonstram que ela é necessária, principalmente em casos como esse relatado no artigo.
PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores, Linux Educacional, prática
pedagógica.
___________
1 | Graduando em Licenciatura em Computação. Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede – |
Universidade Estadual de Goiás. Alexânia/GO, 2017. ricardo.camilo@gmail.com |
2 | Especialização em Docência Universitária pelo Centro Universitário de Anápolis, Anápolis/GO, |
2011. luanavps09@gmail.com |
1
INTRODUÇÃO
Esse artigo é fruto
de um projeto desenvolvido no estágio supervisionado realizado no
Colégio Estadual Novo Gama, da rede
pública de ensino do estado de Goiás.
Durante o ano letivo de 2017. Através dele foi possível observar o
baixo desempenho nas notas e no comportamento disciplinar dos alunos
das duas turmas do 2° ano do ensino médio noturno.
Essas dificuldades somadas à evasão e falta de interesse nas aulas,
acarretou em uma análise crítica e investigativa, no intuito de
descobrir o motivo, e principalmente uma proposta para solução do
problema.
A partir dessas
informações levantadas, surgiu a ideia do projeto de intervenção
local a ser realizado durante as atividades do estágio
supervisionado, com o tema “capacitar professores da escola no
Linux Educacional”. Essa proposta foi apresentada aos professores,
coordenadores e equipe gestora do colégio visando proporcionar uma
alternativa pedagógica que motivasse os alunos e aumenta-se a
frequência por meio de atividades aplicadas na sala de informática.
Por meio do projeto
de intervenção do estágio supervisionado, que posteriormente
serviu de base para o projeto do Trabalho de Curso (TC) permitiu
aplicar a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) como um
recurso pedagógico em busca de uma solução para o problema local.
Durante o
planejamento do projeto de intervenção do estágio supervisionado,
houve dúvidas sobre a formação dos professores, a sua relação
com a TIC e os recursos tecnológicos que estariam disponíveis no
colégio. Através da observação e da semi-regência, foi
identificado que o grupo de professores do colégio supracitado
utilizava alguns recursos midiáticos. Os equipamentos mais
utilizados eram projetores de data-show, caixa de som e a sala de
vídeo com uma Smart
TV de 42’’ (quarenta e duas polegadas). Porém, nem todas as
tecnologias eram utilizadas.
Os computadores da
sala de informática, por exemplo, estavam desligados e empoeirados,
justamente por um único motivo, o fato de o sistema operacional ser
o Linux Educacional, uma vez que os professores não sabiam como
operar. Os professores informaram que
não sabiam utilizar o Linux Educacional, mas caso tivesse um curso,
estariam dispostos a participarem. Também demonstraram o interesse
em ministrar aulas utilizando os recursos da sala de informática
como ferramentas pedagógicas.
Depois de realizado
uma análise preliminar, foi elaborada uma lista de ações com
objetivos de alcançar os resultados esperados. Outra
necessidade levantada, era a falta de prática tecnológica,
principalmente para aquele professor que não teve conteúdos de
tecnologias como componente curricular em sua formação
profissional.
Umas das motivações
é o fato que os jovens do ensino médio convivem diariamente com
tecnologias, e demonstram uma predisposição para o uso da internet.
Sites de músicas, vídeos, redes sociais, correio eletrônico e
games são as aplicações mais utilizadas conforme conversas
informais com as turmas.
O projeto de
intervenção do estágio supervisionado, que também foi idealizado
como projeto do Trabalho de Curso (TC),
teve por objetivo sanar essa problemática através de uma
capacitação rápida, objetiva e direcionada para as aplicações
pedagógicas. Diante da tal situação,
foi elaborado para que pudesse solucionar o problema através de uma
formação continuada de professores.
A capacitação com o
tema Linux Educacional e seus aplicativos pedagógicos, teve como
público-alvo os professores do ensino médio noturno do Colégio
Estadual Novo Gama, tendo como local a sala de informática do
próprio colégio. O instrutor foi o acadêmico da UEG, responsável
também pelo material didática aplicado durante os 8 (oito)
encontros, totalizando uma carga horária de 8 (oito) horas. O
período de realização ocorreu entre os meses de março a junho do
ano de 2017.
2 DA FORMAÇÃO AO
USO DO LINUX EDUCACIONAL
A principal
referência o tema abordado nessa pesquisa rebusca o alinhamento
entre a educação, escola e tecnologias. Juntos remetem ao eixo da
formação de professores, na qual, foi realizada uma pesquisa sobre
a formação inicial e continuada de professores da educação básica
com foco nos seguintes aspectos: conhecimento de tecnologias, a
articulação de teoria e prática das novas tecnologias na educação,
como utilizar a tecnologia no currículo, na didática e na forma de
avaliar os alunos.
Antes de fazer um elo
entre educação e a tecnologia, foi necessário refletir os
conceitos das práticas e práxis educativas, também era preciso
entender a função social que a escola deve exercer no compromisso
de socializar o saber e a sua contribuição com a construção da
cidadania. O Colégio Estadual Novo Gama também estava inserido em
um contexto histórico, político, social e cultural. Os alunos não
buscam aprendizagem apenas nas escolas, pois as tecnologias e os
meios de comunicação proporcionam diariamente uma coleção de
novas informações. Sabemos que nem tudo publicado nas mídias
trata-se de uma informação verdadeira. Os professores têm o
desafio reconstruir o conhecimento sem perder uma das principais
recomendações de Paulo Freire (1996) sobre a situação de que
ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural.
Por
menores assim da cotidianeidade do professor, portanto igualmente do
aluno, a que quase sempre pouca ou nenhuma atenção se dá, têm na
verdade um peso significativo na avaliação da experiência docente.
O que importa, na formação docente, não é a repetição mecânica
do gesto, este ou aquele, mas a compreensão do valor dos
sentimentos, das emoções, do desejo, da insegurança a ser superada
pela segurança, do medo que, ao ser “educado”, vai gerando a
coragem. (FREIRE, 1996, p. 20).
Freire (1996, p. 21)
é incisivo ao dizer que o professor ao entrar em sala de aula deve
ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos,
as suas inibições, na qual ensinar não é transferir
conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção. Para ele não existe teoria sem
prática e “ao falar da construção do conhecimento, criticando a
sua extensão, já devo estar envolvido nela, e nela, a construção,
estar envolvendo os alunos”. Todo professor aprendeu isso durante a
sua formação acadêmica. Então se o aluno já nasceu na era da
tecnologia e convive com ela diariamente, é possível o professor
aplicar essas possibilidades utilizando as mídias e os softwares
pedagógicos.
Diante dessas novas
tecnologias, o professor se sente pressionado pela sociedade para que
utilize as TICs durante as aulas, cujo se espera que melhore a
qualidade do ensino. No entanto, o uso de TICs não significa mais
eficiência nos processos educativos. Essas tecnologias não servem
para substituir os livros ou o professor, contudo servem para
auxiliar como um recurso pedagógico que deve ser bem planejado antes
de aplicado com os alunos.
Para que seja
possível extrair bons resultados do uso das TICS na educação, é
preciso que o professor esteja seguro e habilitado para operar o
Linux Educacional. A formação de professores é referenciada por
VALENTE (1997, p. 2):
Essa
peculiaridade do projeto brasileiro aliado aos avanços tecnológicos
e a ampliação da gama de possibilidades pedagógicas que os novos
computadores e os diferentes softwares disponíveis oferecem,
demandam uma nova abordagem para os cursos de formação de
professores e novas políticas para os projetos na área. (VALENTE,
1997, p. 2).
Na visão de
MORAN(2004) é possível observa no artigo intitulado de “novos
espaços de atuação do professor com as tecnologias”, na qual
traz faz o elo da teoria com a prática baseado na capacidade do
professor gerenciar e integrar vários espaços de forma aberta,
equilibrada e inovadora. A sala de aula integrada com atividades do
laboratório e que se complementa com atividades em outros espaços,
como a internet.
Antes
o professor só se preocupava com o aluno em sala de aula. Agora,
continua com o aluno no laboratório (organizando a pesquisa), na
Internet (atividades a distância) e no acompanhamento das práticas,
dos projetos, das experiências que ligam o aluno à realidade, à
sua profissão (ponto entre a teoria e a prática).
(MORAN,
2004, p. 245-253).
A relação entre
professor e aluno torna-se mais aberta e participativa e as mudanças
no ensino presencial com tecnologia, segundo MORAN (2000, p. 141):
Haverá
uma integração maior das tecnologias e das metodologias de
trabalhar com o oral, a escrita e o audiovisual. Não precisamos
abandonar as formas já conhecidas pelas tecnologias telemáticas, só
porque estão na moda. Integraremos as tecnologias novas e as já
conhecidas. As utilizaremos como mediação facilitadora do processo
de ensinar e aprender participativamente.
(MORAN,
2004, p. 245-253).
A proposta da
capacitação para os professores do Colégio Estadual Novo Gama, foi
baseada nesses conceitos e princípios.
2.1
Pesquisa: Como o Linux Educacional chegou nas Escolas Públicas do
Brasil
O Linux Educacional é
um sistema operacional baseado na arquitetura de software livre do
projeto GNU. Para compreender sua definição, é necessário
entender, primeiramente, o que é software livre.
Um dos conceitos mais
conhecidos mundialmente sobre Software Livre é o do GNU,
trata-se do software que respeita a liberdade e senso de comunidade
dos usuários, significa que as pessoas têm a liberdade para
executar, copiar, distribuir, estudar, mudar e melhorar o software.
Para o projeto GNU(2017), a palavra “livre” em “software livre”
está ligada a liberdade e não ao preço. É permitido pagar ou não
para obter software do projeto GNU. Importante frisar quatro
liberdades específicas ao uso: a liberdade de executar o programa
como você desejar; a liberdade de copiá-lo e dá-lo a seus amigos e
colegas; a liberdade de modificar o programa como você desejar, por
ter acesso total ao código-fonte; a liberdade de distribuir versões
melhoradas e, portanto, ajudar a construir a comunidade.
A origem do software
livre no Brasil, que por meio do Decreto de 29 de outubro de 2003
(BRASIL, 2003), durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e
com o objetivo de instituir Comitês Técnicos do Comitê Executivo
do Governo Eletrônico e com a finalidade de coordenar e articular o
planejamento e a implementação de projetos e ações em diversas
áreas de competência, entre elas a implementação do Software
Livre. O antigo Ministro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu, enviou o
Aviso Circular nº 40 /SE-C.Civil/PR de 24 de novembro de 2003, para
todos os Ministros de Estado, recomendando a avaliação da
conveniência de se adotar software livre.
Após essa expansão
do Linux pelo mundo e pelos órgãos públicos no Brasil, o
ministério da educação encomendou para o Centro de Experimentação
em Tecnologia Educacional (CETE) o desenvolvimento de uma
distribuição GNU/Linux customizada e com conteúdos pedagógicos a
ser chamada Linux Educacional, com objetivo de ser utilizado no
programa PROINFO .
O CETE foi
responsável pelas três primeiras versões. O Linux Educacional 1,
segundo Pereira, Azevedo e Filho (2014, p.1), era oferecido e
disponibilizada para uso por parte das escolas públicas brasileiras
no ano de 2006, era baseado na distribuição baseada no Debian e
interface gráfica o KDE 3.5, nesta compilação além de softwares
educacionais, aplicativos para uso geral: calculadora, gravador de
cd, gerenciador de arquivos, bem como a suíte de escritório
Br.Office, contendo editor de texto, planilhas eletrônicas, slides
de apresentações. A sua versão mais conhecida foi o Linux
Educacional 3 (BRASIL, 2009a), lançado em 2009 e incluso nos
equipamentos licitados pelo Ministério da Educação com destinação
as escolas públicas urbanas e rurais para atender o PROINFO.
Através do PROINFO
só em 2009 foi possui atender mais de 26 mil escolas (BRASIL 2009b)
e tinha por objetivo promover o uso pedagógico de tecnologias da
informação relacionadas a conteúdos educacionais nas escolas
públicas brasileiras (BRASIL, 2009c). No PROINFO Urbano a solução
multiterminal com 8 gabinetes e 17 terminais de acesso, 1 servidor
multimídia, 1 impressora laser, 10 estabilizadores, 1 access
point.
Já PROINFO Rural: Solução multiterminal – 5 terminais de acesso
com 1 CPU, monitor LCD, impressora jato de tinta, wirelles.
-A versão do Linux
Educacional 4 foi desenvolvida pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR), com o apoio dos técnicos dos Núcleos de Tecnologia
Educacional, o Centro de Computação Científica e Software Livre
(C3SL). No site da C3SL haviam 3 possibilidades de download, uma
versão “multiterminal”, que permitia ligar até 5 monitores em
um único gabinete, uma versão “escola” que dependia de
informações durante a instalação, como o número inep da escola,
e uma versão “casa” que era livre de uso para qualquer pessoa. A
sua principal vantagem foi a atualização de programas como os
navegadores de internet e a substituição do BrOffice pelo
LibreOffice. A C3SL lançaria ainda a versão 5 e a versão 6, essa
última em versão beta - versão de teste.
O PROINFO não proíbe
a mudança do sistema operacional, mas recomenda manter o Linux
Educacional para manter a garantia e funcionamento adequado dos
equipamentos. Por esses motivos, diversas escolas públicas possuem o
Linux Educacional, mas não necessariamente o utilizam.
2.2
A relação do Linux Educacional com as Escolas Estaduais do Goiás
No Estado de Goiás
existem aproximadamente 1.415 escolas
vinculadas à Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte
(SEDUCE). Diante de um número expressivo de escolas, surgi o
questionamento sobre a infraestrutura e disponibilização dos
recursos tecnológicos. No entanto, é possível observar no site da
SEDUCE uma nota sobre as novas tecnologias de informação e
comunicação como ferramentas fundamentais no processo de ensino e
aprendizagem. Além de uma estatística
de 841 laboratórios de informática e 752 escolas com internet banda
larga.
A estrutura
organizacional da SEDUCE dispõe de uma Superintendência de
Integração Tecnológica da Informação, que por sua vez, tem um
setor específico para a gestão do PROINFO, é a Gerência de
Tecnologia Educacional e Inovação (GETEI).
Existe também uma superintendência
de formação com objetivo de atender aos anseios das capacitações
necessárias aos servidores.
Diante desse amparo
as escolas estaduais de Goiás que possuem laboratório de
informática, em sua maioria, possuem os equipamentos do PROINFO e o
Linux Educacional instalado nos computadores. Não há informações
de quantos laboratórios estão funcionando e nem dados sobre o uso
cotidiano do Linux Educacional.
A pesquisa avaliou as
condições do Colégio Estadual Novo Gama, que tinha laboratório de
informática, computadores do PROINFO, Linux Educacional instalado
nos computadores, mas antes do projeto de intervenção proposto, era
semelhante a um depósito por ser tratar de uma sala ociosa já
alguns anos. Muitos motivos permitem justificar a falta de uso do
laboratório de informática, contudo cabe ressaltar os professores
eram relutantes em utilizar, por não saber quais softwares de
prática pedagógica e nem como faze para ensinar os alunos a operar.
Apesar da
responsabilidade pela oferta cursos de capacitação ser da SEDUCE,
além da manutenção dos laboratórios de informática, surgi por
meio do estágio supervisionado da UEG, uma oportunidade de projeto
de invenção local com objetivo de capacitar os professores no Linux
Educacional. Encontros rápidos e objetivos no mesmo local e período
da jornada de trabalho dos servidores foram fatores relevantes para a
realização da capacitação.
3 METODOLOGIA
O estudo realizado
consistiu em uma pesquisa bibliográfica intervencionista de formação
de docentes, com abordagem quantitativa, a qual foi desenvolvida
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
Após a identificação
da falta de conhecimento dos professores no Linux Educacional, foi
realizada uma investigação em busca de uma solução específica,
com natureza de uma pesquisa aplicada, caracterizada pelos interesses
locais e com pretensão de através da prática, solucionar o
problema gerador.
A presente pesquisa
de cunho quantitativa foi realizada com os professores do ensino
médio noturno do Colégio Estadual Novo Gama. Tomando por base os
dados estatísticos para quantificar as informações coletadas.
Através de um instrumento de perguntas com respostas que permitam
responder por si própria a situação local.
Em relação aos
procedimentos técnicos utilizados na pesquisa bibliográfica,
resultou na investigação da origem do Linux Educacional, a qual foi
apresentada no referencial teórico, e também por meio dos sites de
divulgação dos programas e políticas públicas do ministério da
educação, além das referências em livro e artigos que abordam o
uso da tecnologia da informação e comunicação na educação.
Por isso o caráter
determinado pela pesquisa intervencionista, teve como objetivo
máximo, mexer na realidade observada, propor não apenas as
resoluções de problemas, mas buscado resolvê-las de forma efetiva.
Tendo em vista obter
como resultado, professores capacitados em Linux Educacional, foi
utilizado o questionário como instrumento para a coleta de dados,
contendo dez perguntas objetivas de marcação de única alternativa
ou múltiplas escolhas. Nas questões que permitiam marca apenas
única opção, foi adotada a escala de Likert, método desenvolvido
por Renis Likert (1903-1981) para mediar de forma mais precisa. Entre
as opções de reposta: discordo totalmente, discordo, não concordo
e nem discordo, e acordo e totalmente de acordo.
O tratamento dos
dados foi por meio de análise estatística, organizado e agrupado
conforme as características das informações coletadas, para que as
próprias respostas fossem capazes de responder sobre a necessidade
da formação de professores em Linux Educacional.
O método utilizado
para a execução do projeto de intervenção foi baseado em dois
possíveis cenários: realizar capacitação presencial ou na
modalidade à distância. Além da definição da quantidade de
vagas, conteúdo para o material didático e uma carga horária
satisfatória.
Se optado pela
capacitação à distância, seria elaborado uma proposta de acesso a
uma biblioteca com apostilas do Linux Educacional, LibreOffice,
aplicativos pedagógicos e outros materiais que incentivam o uso de
TIC na educação. Seriam disponibilizados 8 (oitos) slides ou
videoaulas práticas com os conteúdos elaborados para a capacitação.
Uma sala de fórum ou chat seria utilizado para interação com o
instrutor e entre os participantes, com tópicos propostos pelos
professores sobre softwares ou dificuldades enfrentadas por eles.
Questionários com atividades seriam aplicados valendo nota de 0 a
10, permitindo duas tentativas.
Já na capacitação
presencial teria um planejamento de 8 (oito) aulas, que podiam ser
distribuídas em uma, duas ou quatro horas para cada encontro. A sala
de informática contava com 18 terminais de computador, o suficiente
para atender todos os professores do noturno. As capacitações
teriam uma metodologia de exposição da parte teórica do Linux
Educacional, LibreOffice e dos aplicativos educacionais, bem como o
uso de atividades práticas utilizando os principais comandos, teclas
de atalho, operação e customização das interfaces. O instrutor
teria o papel de observar e auxiliar cada professor a acessar e
utilizar os aplicativos educacionais. Era necessário mostrar como
fazer instalação de novos objetos educacionais que pudessem ser
utilizados nas disciplinas do ensino médio. Ao final do curso seria
aplicado um teste de conhecimento do conteúdo ministrado e uma
avaliação do curso.
Havia um risco da
capacitação não atingir o resultado esperado, mantendo a situação
anterior, com computadores ociosos. A carga horária ou a didática a
ser utilizada poderia não atender os anseios do grupo de
professores. Problemas técnicos dos equipamentos poderiam também se
outro agravante, tendo em vista que a escola não dispõe de nenhum
técnico de informática para manutenções preventivas e de
reparação.
A decisão foi tomada
coletivamente pelos envolvidos, sendo escolhida a capacitação
presencial, uma vez que o instrutor teria que comparecer na escola
para realizar as atividades de estágio, e pelo fato de se colocar a
disposição para colaborar de forma voluntária, para a manutenção
dos computadores da sala de informática e a instalação dos
aplicativos necessários para a capacitação.
O objetivo geral foi
capacitar os professores no sistema operacional Linux Educacional e
seus aplicativos, visando à inserção e utilização das
tecnologias em suas práticas pedagógicas. E os objetivos
específicos eram:
-
Realizar leitura dos
temas que envolvem a pesquisa;
-
Elaborar projeto de
pesquisa;
-
Apresentar aos
alunos e professores a relevância da utilização de software
livre;
-
Capacitar os
professores para a utilização do Linux Educacional e seus
aplicativos;
-
Identificar as
ferramentas de computação que permitem criar as suas próprias
atividades;
-
Utilizar o projeto
como uma alternativa para estimular o aluno no processo
ensino-aprendizagem por meio de softwares que exploram o lúdico;
-
Praticar comandos e
ações de operação dos aplicativos;
-
Aprender a manusear
os equipamentos do laboratório de informática;
-
Identificar os tipos
de conexão de dispositivos de entrada, saída, armazenamento e
processamento de dados;
-
Expor exemplos de
softwares educativos instalados no Linux Educacional e comentar
sobre propósito educativo e público destinado.
-
Operar softwares
educativos: GCompris, TuxMath, Kanagram, Kletter;
-
Utilizar e comprovar
que o Libreoffice tem as mesmas funcionalidades do Microsoft Office
para criar: edição de texto no Writer, planilhas eletrônicas do
Calc, slides de apresentação no Impress;
-
Gerar pesquisas
avançadas no Google e escolher jogos educativos on-line;
-
Produzir blog para
uso pedagógico e valorizar as mídias sociais;
O material didático
e os plano de aula foram disponibilizados no blog
do acadêmico. Assim, possibilita mais um canal de interação entre
o instrutor e os professores, além dos encontros presenciais da
capacitação.
4 RESULTADOS E
DISCUSSÃO DA CAPACITAÇÃO
A equipe gestora do
colégio ficou satisfeita com a realização da capacitação, pois
havia a demanda de projetos de formação continuada para os
professores, principalmente aos cursos com abordagem tecnológica. A
instituição dependia de liberação de recursos financeiros que
subsidiariam a contratação de uma capacitação ou alguma proposta
do governo para proporcionar a capacitação dentro do colégio.
Com isso, o projeto
de intervenção realizado pelo acadêmico, foi uma oportunidade de
capacitar professores, sem onerar a escola, e que permitiu também o
restabelecimento do uso da sala de informática, possibilitando mais
uma alternativa pedagógica para motivar a melhoria do desempenho
escolar dos alunos. Foram esses os legados gerados com o projeto de
intervenção.
Segundo a
coordenadora pedagógica do colégio, foi importante usar as
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) como instrumentos
que auxiliam no processo ensino-aprendizagem. Permitindo assim, tirar
melhor proveito dos aplicativos pedagógicos disponíveis para essa
plataforma, além da possibilidade do uso da internet como mídia de
pesquisa disciplinar.
Além de ser
capacitado, ainda foi possível demonstrar ao professor que todas as
tarefas realizadas no Windows - que é o sistema operacional mais
conhecido entre eles - também foram realizadas no Linux Educacional.
De um grupo de sete
professores do ensino médio noturno do Colégio Estadual Novo Gama,
apenas quatro respondeu ao questionário. Na qual permitiu
identificar sobre o conhecimento dos professores com as tecnologias e
o seu interesse em participar de uma ação de uma capacitação.
Figura
1 – Perguntas sobre perfil dos professores.
Fonte:
autor (2017).
O questionário
iniciava com três perguntas não avaliativas, apenas para
conhecimento complementar, nas qual perguntava o ano de formação
acadêmica, o vínculo profissional com a secretaria de educação de
Goiás e tempo de regência em escola pública. Entre as respostas,
todas são servidores efetivos e as formações acadêmicas ocorreram
entre 2000 a 2005, mas os tempos de regência em escola pública
variavam entre 11 a 18 anos.
Figura
2 – Perguntas qual sistema operacional mais fácil e se mexeu no
Linux.
Fonte:
autor (2017).
Logo na primeira
pergunta sobre o sistema operacional que eles acham mais fácil de
operar no computador, 100% das respostas para o Windows. E quando
perguntado se já haviam utilizado o Linux a maioria esteve de
acordo. É interessante observar que os professores estão de acordo
que o Linux permite interação semelhante ao Windows. Na quarta
pergunta, 75% dos professores responderam que se capacitados levariam
sua turma para a sala de informática.
Figura 3 – Perguntas sobre o Linux.
Fonte:
autor (2017).
Quando perguntados
sobre uma lista de aplicativos pedagógica e suíte de escritório,
os mais conhecidos foram o software de matemática Geogebra e a suíte
de escritório LibreOffice.
Figura 4 – Perguntas sobre os aplicativos
pedagógicos
Fonte:
autor (2017).
Os professores ao
serem questionados sobre não conseguir utilizar uma tecnologia como
recurso pedagógico, 50% discordam e 25% discordam totalmente, ou
seja, o uso de tecnologia não é um problema. Novamente a maioria
afirmou já ter usado a sala de informática pelo menos uma vez ao
ano.
Figura 5 – Perguntas sobre uso de
recursos tecnológicos e sala de informáticas.
Fonte:
autor (2017).
As demais respostas,
conforme as imagens abaixo demonstram o interesse dos professores no
Linux Educacional por meio de capacitação e a pretensão de
utilizá-lo como recurso pedagógico.
Figura 6 – Perguntas sobre capacitação.
Fonte:
autor (2017).
Finalmente, conforme
as figuras acima, os professores demonstraram o interesse na
capacitação em Linux Educacional e também pretendem usá-lo como
um recurso pedagógico durante as suas aulas.
5. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A pesquisa
apresentada foi numa reflexão do uso de tecnologias da educação e
suas possibilidades de uso como prática pedagógica, onde as
referências bibliográficas remetiam a necessidade de formação de
professores.
Os dados demonstram
uma realidade bem parecida não somente de professores do estado de
Goiás, mas de todo o Brasil. Mesmo com políticas públicas que
incentivam o uso de softwares livres, percebe-se que a maioria ainda
prefere o Windows. A SEDUCE mesmo como o setor responsável pela
manutenção dos laboratórios e programas de formação de
professores, demonstrou ter muitas limitações em conseguem atender
todas as escolas estaduais.
Através da
capacitação, buscou-se vencer os desafios das tecnologias impostos
aos professores do ensino médio do Colégio Estadual Novo Gama. E
por meio da pesquisa percebe-se a importância da formação de
professores e como ela é necessária, e que também deveria ser
continuada por meio novas formações.
Sobre o número de
professores capacitados até poderia ter sido maior, mas é
necessário refletir sobre uma série de condições precárias que o
professor enfrenta diariamente, e isso vai desmotivando essa classe
de trabalhadores. Se o professor não enxergar as melhorias por meio
da capacitação, ele perde o interesse em dar continuidade na sua
formação.
[...]
a questão da formação de professores não pode ser dissociada do
problema das condições de trabalho que envolvem a carreira docente,
em cujo âmbito devem ser equacionadas as questões do salário e da
jornada de trabalho. Com efeito, as condições precárias de
trabalho não apenas neutralizam a ação dos professores, mesmo que
fossem bem formados. Tais condições dificultam também uma boa
formação, pois operam como fator de desestímulo à procura pelos
cursos de formação docente e à dedicação aos estudos. (SAVIANI,
2009, p. 153)
Por fim, essa
pesquisa encerra com uma referência crítica de Saviani (2009, p.
153), publicada na Revista Brasileira de Educação, no artigo
“Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do
problema no contexto brasileiro”. Na qual cita que as condições
de trabalho, salário, jornada de trabalho impactam sim na vida do
professor e na sua formação.
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Os novos espaços de atuação do
professor com as Tecnologias. Texto
publicado nos anais do 12º Endipe – Encontro Nacional de Didática
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